Itapuã
Itapuã é atualmente uma praia, um bairro e um subdistrito do Município de Salvador, historicamente chamado de subúrbio pelos baianos. A região tem inspirado músicos e poetas. Fica a cerca de 35 km do Centro da Cidade.
No início do século 16, era habitado pelos tupinambás.
Segundo Frederico Edelweiss, em nota do livro O Tupi na Geografia Nacional, de Theodoro Sampaio, o nome é um contrato de itá-apuã, significando ponta ou cabo de pedra. Edelweiss citou que dali Sumé deu seu formidável salto, segundo Nóbrega. A lenda de Sumé tinha relação com São Tomé. Entretanto, é improvável que a pedra de São Tomé seja a mesma que tenha dado o nome ao local. A pedra santa fica na Praia de Piatã, marcada por um antigo cruzeiro. Até o início do século 20, existia uma rústica capela de São Tomé e procissão até o local.
Desde o século 16, o local é indicado com diferentes grafias, como Itapaõ, Tapoam, Itapoã ou Itapoan. Estas duas últimas, eram comuns no século 19.
De acordo com Paulo Guimarães*, Itapuã tornou-se propriedade do povo de Salvador, em 1552, através de carta de sesmaria concedida à Casa de Vereação, por Thomé de Souza. A doação incluíam as terras desde o Rio Vermelho até a margem do Rio Joanes.
Da segunda metade do século 16 até o início do século 19, a defesa de Itapuã era responsabilidade da Casa da Torre de Garcia d'Ávila. Existiam redutos de defesa em Itapuã, que se integravam com a Torre de Garcia d'Ávila.
Em 1555, houve conflitos entre os tupinambás, aldeados em Itapuã, e a Casa de Garcia d'Ávila, mas os índios foram submetidos com ajuda do governador Duarte da Costa.
No início do século 17, armações de pesca de baleia estabeleceram-se no litoral norte de Salvador, incluindo Itapuã. Alguns anos depois, foi fundada a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, atual igreja matriz da Paróquia de Itapuã, criada em 1815. A atividade de pesca de baleias, em Itapuã, continuou até parte do século 20.
Com o tempo, os portugueses mesclaram-se com os tupinambás e os africanos, transformando Itapuã numa vila de caboclos. A atividade da pesca da baleia atraiu também a carpintaria e o artesanato de cordas.
Provavelmente, no século 18, foi fundada a Capela de São Francisco, atualmente no Cemitério Municipal de Itapuã.
Durante a Guerra da Independência, Itapuã foi um dos redutos do exército brasileiro. Um dos conflitos na região ocorreu em 5 de fevereiro de 1823, quando chegou um brigue de Fayal e foi assaltado por muitas baleeiras na altura de Itapuã, como noticiado pelo jornal Idade d'Ouro do Brazil, do dia 7. O brigue foi acudido pela corveta Activa, que fez muito estrago nas baleeiras e aprisionou uma delas.
Em 1873, foi instalado o Farol de Itapuã.
Até os anos 1930, Itapuã era apenas uma vila de pescadores. O acesso à região, por terra, era difícil, feito através de uma estrada ligando Campinas de Pirajá a Ipitanga. O caminho, a pé, pela praia era mais longo. A linha de bondes terminava em Amaralina.
Nos anos 1940, aumentou bastante o movimento no antigo Aeródromo de Santo Amaro do Ipitanga, que se transformou posteriormente no Aeroporto atual. O antigo Aeródromo atraiu muita gente para Itapuã, e foi construída a Vila de Sargentos, em 1947. Em 1948, foi construída a Avenida Octávio Mangabeira, permitindo melhor acesso ao bairro. Nos anos 1950, tornou-se um zona de veraneio muito procurada. Em 1959, foi inaugurada a escultura da Sereia de Itapuã.
Até os anos 1970, entretanto, ainda era uma região de veraneio, com algumas chácaras.
Após a revolução urbanística dos anos '70, com a construção da Paralela, do CAB, Iguatemi e a nova Rodoviária, Itapuã ficou perto. Nos anos seguintes, indústrias instaladas no litoral norte, como o Polo de Camaçari, atraíram muitos empregados para Itapuã e vizinhanças.
Além da Lagoa do Abaeté, Itapuã abriga também as lagoas Dois-Dois, Olhos D’Água, Cacimba, Catu, do Toco, das Trincheiras, dos Pombos, das Casas, do Core, da fonte da Praia, dos Milagres do Canal e a da Barragem, que era a antiga fonte de água potável para a região.
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Referência:
* Identidade, Territorialidade e Ecologismo: o caso da Lagoa do Abaeté (Cad. CRH. Salvador, n.18, p.117-137, 1993), por Paulo R. Guimarães da Silva, professor da UFBA.
A Colônia de Pescadores de Itapuã, em Placa Ford.
As Ganhadeiras de Itapuã, um grupo cultural, formado em 2004, que relembra a antiga tradição das vendedoras ambulantes do bairro. Em 2015, venceram o 1° Festival da Música Ilimitada, na Bahia. Em 2016, participaram do encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Abaeté, a natureza em forma de poesia.
Fragmento do mapa de Luís Teixeira, cerca de 1574, identificando Itapuã.
Vista do ponta de Itapuã com o seu Farol.
Itapuã com suas praias, coqueiros, pescadores e seus rochedos, todos com nomes próprios.
Em Itapuã
Ilustração da pesca da baleia em Salvador, por Emeric Essex Vidal, entre 1835 e 1837. Sobre esta ilustração, o antropólogo Pedro Agostinho da Silva (1906-1994), que foi professor da UFBA, citou que as baleeiras baianas foram introduzidas, em 1603, por biscainhos. Tinham de 12 a 18 metros de comprimento. A pesca da baleia foi uma das principais atividades econômicas de Itapuã, do séculos 17 até o início do século 20.
Itapuã
Por Jonildo Bacelar
Tatiane Freitas
Andréia Brandão